Coletivo Rosa Parks no Festival Mulheres do Mundo - WOW
A cidade do Rio de Janeiro sediou a segunda edição do Festival Mulheres do Mundo entre os dias 27 e 29 de outubro de 2023. Sob a curadoria de Eliana Sousa e Silva, ativista social, acadêmica e diretora da Redes da Maré, o Women of the World Festival (WOW – Rio de Janeiro) contou com vastíssima programação. O objetivo do Festival foi acentuar a importância das mulheres, exaltar os seus modos de lidar com as adversidades, bem como as formas inventivas de superarem desafios e também de atuarem como protagonistas nas mudanças que precisam acontecer no mundo, diante de crises políticas, econômicas, sanitárias etc.
O Festival Mulheres do Mundo - WOW é um movimento global lançado pela diretora e produtora britânica Jude Kelly. Realizado pela primeira vez em 2010, o WOW já esteve em 23 países da Europa, Ásia e África, além de várias cidades na Inglaterra. No Brasil é produzido com a curadoria da Redes da Maré. É um grande encontro que junta pessoas e coletividades para estabelecer trocas e vivências entre mulheres diversas que estão propondo ações em seus territórios. Nessa perspectiva, as referências são a complexidade e a diversidade de experiências de mulheres em seus territórios.
A professora Luciana de Oliveira Dias, coordenadora do Coletivo Rosa Parks e secretária de inclusão da UFG integrou importantes equipes de trabalho no âmbito do Festival Mulheres do Mundo – WOW, sendo destacada sua atuação no Fórum de Vivências “Pedagogias Insurgentes”, acontecido no Museu de Arte do Rio, onde avançou nas discussões e reflexões sobre a importância de geração de locus transgressores de modelos de educação superior ainda caracterizados por hegemonias banco-ocidentais. O fórum foi realizado em companhia de Eliane Ferreira (Profissional da educação, tendo atuado como professora, coordenadora e diretora, em escolas da Rede Pública do Município do Rio de Janeiro desde 1988) e Josephine Apraku (Escritora negra alemã, pesquisadora de Estudos Africanos e professora na Alice Salomon University of Applied Sciences e na Humboldt Universität em Berlim) e com a mediação de Dandara Oliveira (Especialista em Juventude e Raça na Action Aid e em Articulação e Advocay no SETA. É Fellow da década de afrodescendentes da ONU e membro do Conselho Consultivo do Akoma Institute, organização que intersecciona educação raça e gênero no Brasil, África e Europa). As discussões e troca de experiências dissidentes e anticoloniais gravitaram em torno da pedagogia associada à inserção de pessoas em novos mundos, sendo, portanto, uma prática política de grande impacto social.
Discussões qualificadas e trocas aprofundadas se realizaram também no eixo “Palavras compartilhadas”, quando Conceição Evaristo, Josephine Apraku e Andreza Jorge compartilharam leitura pública de suas obras. A gigante Conceição Evaristo leu trechos que elucidam suas escrevivências que despertam opressores de seus sonos injustos; Andreza Jorge nos estimula com uma leitura sobre feminismos favelados; e Josephine Apraku, leu em alemão Kluft und Liebe (Abismo e Amor), quando pudemos assegurar compreensão adequada por meio de tradutores simultâneos para o português. A força e a potência se aliaram naqueles instantes mágicos à beleza e delicadeza das palavras lidas que povoaram o Museu do Amanhã, na Praça Mauá, no Rio de Janeiro.
Os encontros e compartilhamentos de vivências, escritas, estratégias, ativismos, intelectualidades, afetos e vidas mulheres do mundo e do Brasil prosseguiram ao longo dos três vibrantes dias, quando ocuparam o complexo que abrigou o Festival Mulheres do Mundo – WOW milhares de mulheres diversas emprestando toda a sua existência para a construção de um mundo melhor, mais justo, mais digno e mais belo. Foi assim com Benedita da Silva que no alto de seus 81 anos de idade se emociona ao interagir com tantas outras mulheres negras que tornam mais terna sua experiência de vida que a colocou no lugar de ser a primeira nos mais variados espaços de poder que ocupou.
E foi assim também no encontro com a médica, escritora, negra e co-fundadora da organização não Governamental Crioula, Jurema Werneck, que compartilhou sua inspiradora trajetória, colocando destaque para sua atuação como diretora executiva da Anistia Internacional no Brasil.
A cena do Festival Mulheres do Mundo – WOW revelou toda a imensa pluralidade que nos constitui enquanto mulheres, com a presença marcante da primeira doutora e professora trans da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dani Balbi, eleita Deputada Estadual, se tornando a primeira transexual a exercer mandato na ALERJ, nas eleições de 2022 com 65.815 votos.
A emoção tomou conta do ambiente com a presença e fala da ilustre Ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, que realça o valor estruturante da família preta que acolhe, protege, estimula e inspira. Anielle é também diretora do Instituto Marielle Franco. Marielle Franco "é" mulher, negra, mãe, filha, irmã, esposa, lésbica, cria da favela da Maré, vereadora eleita e brutalmente assassinada. É aquela que deixou um legado ao Rio de Janeiro, ao Brasil e ao mundo que estimula na busca pelo bom, o belo e o justo. No Festival Mulheres do Mundo – WOW, no Rio de Janeiro, em 2023, também teve: Marielle Presente!
Jurema Werneck Dani Balbi Anielle Franco Josephine Apraku